Em companhia dos amigos foliões Leandro, Tereza e Edgar seguimos para Santo Antonio da Alegria em busca de saberes e sabores do nosso território. Fizemos novos amigos e conhecemos uma verdadeira iguaria gastronômica: o Jacaratiá (Jacaratiá spinosa, árvore da família Caricaceae).
Nossa primeira parada foi no bairro Congonhal onde fomos atraídos pelo aroma dos doces (doce de leite, mamão, cidra, figo, pêssego e jacaratiá) e recebidos entre a curiosidade e a disponibilidade dos calorosos festeiros.
Aqui conhecemos o senhor Esolino Caetano da Silva que juntamente com a cunhada Maria do Carmo preparavam, em um grande tacho de ferro, a carne na "fornalha". Foi ele quem nos falou sobre a história do doce de jacaratiá, o aproveitamento do caule dessa árvore nativa e como a antiga receita passou de geração em geração reunindo a familia no dia de Santos Reis.
O sr. Esolino contou que no seu tempo de menino haviam muitas árvores de jacaratiá na região e que devido a extração do tronco para o preparo do doce, infelizmente, essa espécie estava quase desaparecendo. Assim, ele decidiu fazer um imenso jardim de jacaratiás onde nos levou e com muito orgulho apresentou essa árvore irmã do mamoeiro.
Atualmente a comunidade utiliza somente uma árvore, de minimo cinco anos, para a extração do precioso miolo em ocasião da Folia, pois um caule rende 400 litros de doce.Nossa visita não parou por aqui e um encontro inesperado nos levou até o sitio da dona Amélia Francisca, uma mistura de gentileza, simplicidade e doçura. Nosso cicerone foi João Batista, fundador, com o irmão gêmeo Zé Carlos, da Companhia de Santos Reis "Geminhos". Chegamos no momento em que a companhia entoava os cânticos anunciando o nascimento do menino Jesus e pedindo proteção para todos.
foto - Leandro Siena
Na varanda colorida de flores e com uma vista de encher os olhos, uma farta refeição preparada com devoção nos deleitou com os sabores da roça.
Não resistimos ao verde exuberante do sítio e fomos passear com a Paula, nora de dona Amélia, a qual mostrou a biodiversidade do local onde se destacavam as figueiras, as preferidas de dona Amélia no preparo de sua especialidade: o doce de figo em calda.
Com o coração sereno e sob uma chuva de verão nos despedimos de nossos anfitriões que com alegria e fé continuaram os festejos de Santos Reis.
Para conhecer a utilização do jacaratiá na culinária e a valorização e preservação dessa árvore nativa consultar a tese de mestrado de Evanilda Teresinha P. Prospero: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/11141/tde-20102010-140901/en.php
Demais Fulvio!!! Vc tem esse doce ai?
ResponderExcluirInfelizmente nao temos Fabiana!
ResponderExcluirA unica regra da Festa era: Comida e doces a vontade, mas nao era permitido levar embora a comida..
Fulvio, parabéns pelo post. Será que esta comunidade sabe que também pode fazer compota com o fruto, que é uma delícia? É uma forma de aproveitamento que garante ainda mais a preservação da espécie. E que este mesmo doce de tronco (que comia na infância e é maravilhoso)pode ser feito com os galhos mais finos sem destruir a árvore. Bem, a compota da Evanilda, com os frutos, está lá no Come-se: http://come-se.blogspot.com/2008/11/compota-de-jaracati.html
ResponderExcluirUm abraço, Neide
Obrigada Neide
ResponderExcluiraguardamos mais informaçoes que a professora Evanilda ficou de nos enviar e entraremos em contato com a comunidade..eles nao nos falaram do aproveitamento dos galhos pequenos,acho que nao sabem?! Seria maravilhoso...assim o jardim de jacaratias seria sempre verde!
Fulvio e Evi, obrigada pela reportagem. Espero vê-los em breve. Abraços, Paula (nora de D. Amélia)
ResponderExcluirPaula..somos nos que agradecemos!!!pela hospidalidade, pelo carinho..
ResponderExcluirEsperamos reve-los!