...expressão local da filosofia Slow Food

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Antonio Munari Bendassoli, o primeiro agricultor familiar do assentamento Nossa Terra de Batatais que participou ao PNAE







por Fulvio Iermano



Senhor Antonio, quantos anos o senhor tem?
Tenho sessenta anos.
Desde quando o senhor está aqui no assentamento Nossa Terra?
Olha, aqui no assentamento há quase quatro anos, porque nos recebemos o documento de posse em setembro de 2008, dia 5 de setembro de 2008. Mas a gente já estava na área plantando, a gente começou no mês de abril.
Antes do assentamento, o senhor já era agricultor?
Já. Meu pai sempre mexeu com isso, eu sempre estive junto com ele, da adolescência.
Quem trabalha aqui junto com o senhor?
Só eu e meu pai. No começo tinha participação do Marcio, meu irmão. Depois tivemos umas dificuldades para vender, então a renda na era compatível para três famílias. Então ele resolveu deixar. Ficamos somente eu e meu pai.
Porque o senhor é agricultor?
Meu pai criou a gente assim, na roça, então eu acho que tive o dom, de gostar, de plantar, de criar, de cuidar, isso aí está no sangue, está na alma.

Que tipo de produto que o senhor já cultivou?
A prioridade sempre foi hortaliças. Verdura de folha em geral. Mas a gente sempre trabalhou com legumes também: mandioca, quiabo, abobrinha, tomate, vagem, jiló, todos estes tipo de legume a gente sempre tratou.
E agora estão produzindo tudo isso, hortaliças de folha e legumes?
O bom é sempre manter esta variedade. Plantamos muita mandioca, repolho, brócolis, couve flor, beterraba, cenoura. Procuramos ter esta variedade.
Temperos também?
Sim, coentro, cheiro verde, salsinha e cebolinha.

Para quem o senhor vende seus produtos?
Primeiro a gente começou com a feira do produtor, no domingo no bairro Pupim. Esta era nossa prioridade. E a gente continua vendendo na feira. Tem sido bom para quem compra como pára nos.
A feira é formada somente por pequenos produtores o também por atravessadores?
No começo era para ser somente uma feira de pequenos produtores. Mas com o passar do tempo, com a necessidade de incluir alguns produtos que a feira não tinha e os produtores nem produziam, algum produtor começou a comprar fora e a revender na feira. Então agora não temos somente produtores, mas também atravessadores.
Quantos dos trinta produtores do assentamento participam na feira?
No começo éramos seis, agora ficamos somente em três.
O senhor acha que a feira vai continuar?
Bom, a dificuldade é que acontece de domingo. Tem gente que reclama porque a semana inteira trabalha, levanta cedo ou tem produtos para entregar no Ceasa de segunda feira e chega ao domingo e quer aquele prazer de aproveitar um pouquinho mais da cama, quer descansar. Mas, apesar disso, a gente não quer deixar de jeito nenhum a feira morrer.

Que técnica de manejo do solo que o senhor utiliza para controle de insetos, larvas, cupins, pulgões, lagartas?
A gente tem feito o máximo de esforço para não utilizar agrotóxico. Há pouco tempo teve um curso de olericultura orgânica através do SEBRAE e do sindicato patronal. Hoje têm aparecido muitos produtos orgânicos, organomineral com que a gente tem aprendido a trabalhar. Eu mesmo estou comprando os produtos de dois revendedores e os resultados são muitos bons.
O senhor pode me dizer os nomes destes produtos?
Sim, o primeiro se chama Super Marco, seria calda bordalesa, outro não lembro o nome, tem que olhar no rotulo, mas trata-se de produto organo-mineral. Estes produtos têm ajudado muito com os nematóides, que atacam a raiz da planta. Apesar disso, até agora felizmente não tivemos uma ataque de pragas muito forte.
Por quê?
Eu acho porque não temos uma terra muito explorada e também porque nos fazemos uma rotatividade dos plantios na horta inteirinha. Quando plantamos uns produtos procuramos replantar-los sempre num lugar diferente, nunca no mesmo lugar. Principalmente alface, tomate, são produtos que mais cobram. Se você replantar sempre no mesmo lugar, você vai ter dificuldade para colher.
Alem do senhor, os outros produtores utilizam técnicas de agricultura orgânica ou se servem de agrotóxicos?
Todos nós estamos pensando em abandonar os venenos químicos, porque alem de ser muito caros, prejudicam nossa saúde
O senhor acha interessante promover outros cursos de sensibilização e capacitação sobre técnicas e práticas de agricultura agroecologica?
Olha, já tivemos outro curso onde outros produtores participaram. Eu particularmente se tiver outros cursos sobre este tema, estou interessado. Eu gostei demais de aprender, vou gostar de aprender ainda mais, isso para mim é muito bom. Alem disso é muito importante a troca do conhecimento entre nós produtores. Eu acredito muito no companheirismo, compartilhar com os outros e divulgar para os companheiros as oportunidades que surgem para nós.

Neste ano o senhor começou a participar ao PNAE - programa nacional de alimentação escolar. Como está encaminhado?
Olha, a gente brinca assim:“ foi melhor do que encomenda”. Porque a época que o programa apareceu é uma época que tem muita produção, muita oferta, todos os produtores tem bastante verdura, de maio a setembro, período da seca. Então foi uma oportunidade para se desfazer da produção, a um preço muito mais bem pago. É um sistema de venda prático. A gente chega aqui na horta, colhe, lava, não precisa de embalagem, de amassar as verduras. Outra coisa muito importante é o destino dos produtos. Não é o supermercado ou o varejão, onde se eles não venderem, eles te devolvem. Eles falam por consignação: “ se eu vender te pago, aquilo que eu não vender te devolvo”. Então este programa ajudou demais, tanto eu como os outros que participaram, estão com medo de ficar fora.
O senhor foi o primeiro do assentamento que participou?
Fomos três. Agora esta renovação do programa foi por via associação, não foi mais individual. Desta forma entraram no programa mais cinco produtores. Então somos oito produtores.
Quais produtos o senhor vendeu para cozinha piloto?
Eu vendi somente o que eu produzia: alface, almeirão, escarola, rúcula, salsa, cebolinha, brócolis, repolho, beterraba, espinafre, mandioca. No total foram onze itens que eu forneci. A responsável técnica do PNAE tentou fazer o pedido de acordo com que eu tinha bastante. Para mim foi uma beleza. Ela me passava o cronograma e eu entregava de combi primeiro uma quantia na cozinha piloto e depois direto nas creches e nas escolas.
A cozinha piloto pediu para associação alguns produtos que vocês ainda não produzem?
Então, eu sempre falo para os companheiros que temos que tentar produzir tudo o que a cozinha piloto precisa. Eu planto um produto, um companheiro planta outro, assim é bom para todo mundo. Os trinta assentados estão bem motivados para entrar no programa. Conseguimos a força, agora somente falta resolver a problemática da água para uso agrícola, assim podemos incrementar nossa produção e começar a fornecer fruta também.
Até agora somente pontos a favor. O senhor acha que tem alguma coisa que pode ser melhorada neste programa de alimentação escolar?
Olha..a gente nunca teve uma organização de venda tão perfeita, então não tenho uma expectativa melhor que esta. Dando continuidade no que está, já está bom demais!
















segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

ALMOÇO SLOW FOOD KM ZERO

 
por Fulvio Iermano






Companhia boa! Comida boa! Energia boa fluindo!!

Quando se encontram pessoas que têm em comum um olhar mais sensível sobre a vida parece que a interação com os outros seres e com o planeta terra acontece com maior sintonia e magia, e nos sentimos menos isolados e mais confiantes em seguir nossas escolhas e semear boas ideias.

O Convivium é isso... compartilhar algumas horas conversando, trocando idéias e receitas, conhecendo produtos e produtores. É uma ocasião para rir e brincar com as crianças, para ver quem apanha mais mangas no fundo da Estação, aquelas “comuns” cheias de fiapos, boas para chupar e ficar com a boca toda amarela.
E por falar em mangas, a família da Bety foi a grande protagonista em apanhar e saborear as mangas diretamente do pé! A Jaqueline também trouxe uma sacola cheia de mangas do sítio dos pais que ela disse não conhecer nem o nome científico e nem o popular, mas que todos chamam de “mangas família” porque uma manga é suficiente para todos os seis irmãos e os pais, de tão gigante que é! Na verdade, a Jac forneceu  manga, limão, laranja e caju para os sucos, juntamente com a Ana que trouxe amoras do sítio de um amigo.

As 11 horas estávamos na Estação, eu, a Evi, o Angelo, a Tatiana e o Fabio para arrumar as mesas, o banner, a faixa, as bandeiras do Terra Madre Day, as toalhas, os sucos, as frutas, deixar tudo pronto para receber os amigos. Foi então que a Tatiana perguntou: quantas pessoas vão vir? Boa pergunta! Mas difícil saber precisamente e podemos ter sempre surpresas. E dessa vez tivemos a grande alegria de receber muitas pessoas, quarenta, incluindo as crianças.



Todos trouxeram suas “especialidades”, simples ou elaboradas, mas todas deliciosas. Eu e a Evi preparamos dois suflês, um de chuchu e outro de vagem, e fizemos também as bolachas de Jatobá, quase quilômetro zero. O pessoal foi chegando e a plataforma da Estação foi se animando com cheiros e cores: a Mônica trouxe um molho de pimenta que segundo ela era especial, pois feito com muito carinho! A dona Jô, mãe da Mônica, fez as “rosquinhas juninas” que, apesar de estarmos em dezembro, adoçou o paladar da turma. A Isabel, nossa contadora de histórias da África, logo que chegou foi fritar os saborosos acarajés, uma tradição herdada de sua avó. Ela conta que pediu autorização aos orixás para compartilhar essa especialidade da gastronomia afro-brasileira registrada, em 2005, nos Livros de Saberes como patrimônio imaterial. Foi servido quentinho como entrada e é claro que não sobrou nadinha!

O Rafael e a Lorena chegaram trazendo um pouco da sabedoria mineira da avó de Lorena, torresmo e pão de queijo, ainda quentinho, tudo preparado com produtos do sítio da família. A Cida e a Jordana prepararam um maravilhoso “Bolo Reis”. O Didi, a Luciana e a Selma nos deliciaram com tortas de legumes. A Alessandra, Adilson e Ana Terra trouxeram as verduras fresquinhas e o Leandro chegou com dois abacaxis dizendo ser da roça...não sei não!!



A Ana montou uma colorida salada tropical com todos os ingredientes produzidos na horta orgânica do Batea, assim como o Luciano que fez uma grande salada com os produtos da feirinha dos pequenos produtores de Batatais. O Wesley criou uma bela “caponata” de berinjela e a Natália trouxe um curau de abóbora delicioso feito pela mãe que, aliás, foi o prato mais votado recebendo o primeiro prêmio! Ah, os prêmios, é verdade, como esquecer!
O Convivium quis homenagear os três pratos mais votados: a Natália ganhou o queijo artesanal mineiro de leite cru da Serra do Salitre, do nosso João da rede Terra Madre. O bolo da Cida e o acarajé da Isabel dividiram o segundo lugar e receberam a geléia de umbu da Coopercuc (Uauá -BA), fortaleza Slow Food. A salada tropical da Ana ganhou um delicioso licor artesanal de pequi. E é claro que os “prêmios” foram compartilhados e degustados por todos nós!!!
 
 

Nem todas as receitas respeitaram o princípio km zero, mas com certeza este encontro proporcionou uma reflexão sobre a nossa alimentação no dia a dia, como são produzidos os alimentos e nossa relação com os produtores locais. Conversamos sobre os princípios “bom, limpo e justo” e percebemos a alegria em nos reunir para compartilhar um momento especial trocando ideias e receitas. Nos despedimos com a promessa de nos encontrar mais vezes para celebrarmos a comida boa, limpa e justa!

Obrigado a tod@s pela participação








apoio Associação Estação Cultural de Batatais

                                                                                           

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

CONVITE ALMOÇO SLOW


Olá soci@s, amig@s, parceir@s

Estamos chegando ao fim deste intenso 2011!
Qual forma melhor que contar e compartilhar tudo com rico, simples e alegre almoço?!

A IDÉIA

... Almoçar e conviver todos juntos escutando uma bõa musica e curtindo o panorama na plataforma da Estação Cultura de Batatais (na antiga estação mogiana, praça Antonio Teodoro de Lima)
                                       DOMINGO 4 DE DEZEMRO 12 HORAS

O PRINCÍPIO

Os alimentos industriais vem lá de longe, muito longe, centenas e centenas de quilometros daqui, consumindo tanto combustível fedorento e poluidor! Então..qual é a solução?
Tentar almoçar com alimentos locais e não industriais, ou seja, produzidos, cultivados, criados de forma natural e artesanal no nosso território, nos nossos sítios, nos quintais, na horta do vizinho, nos pomares ao redor da cidade (quilometro 0!!!)

COMO

Cada um de nós prepara uma receita com muito carinho e amor. Pode ser uma entrada ou uma salada, um tomate, um abacate ou um sorvete, uma torta, um doce, enfim, fiquem a vontade!
Ah..estava esquecendo..voces são simplesmente multiplicadores, tragam quem quiser, papai, mamai, filhos, sobrinhos, netos, amigos, namorados e sobretudo prato, talheres e caneca!!!


PRÊMIO

O convivium Slow Food Campo Lindo Batatais vai preparar os sucos naturais com tanta fruta cheirosa e saborosa (tragam frutas de quintal!!!).
Vamos eleger e premiar os três pratos mais gostosos e mais Slow Food (bom, limpo e justo).

Um imenso slow abraço
FULVIO

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Confeiteiros Mirins

Oficina Slow Food na Escola Municipal de Educação Infantil
Roberto Faggioni (Batatais-SP)
Pré II
turminhas da tia Telma e tia Elaine

Receita de bolachas de laranja 

  








quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Exposiçao do artista Aparecido Diani

Amigos reunidos para a abertura da exposição de Aparecido Diani no 2° Fórum Cultural de Batatais e degustação do queijo Serra do Salitre (Cooalpa)


Queijo da Serra do Salitre e geleia de Umbu



a exposição
  
detalhes da obra Evolução dos Elementos


domingo, 23 de outubro de 2011

Abertura 2° Forum Cultural

A Associação Estação Cultural realiza o 2° Forum Cultural na cidade de Batatais (SP) que acontecerá nos dias 27, 28, 29 e 30 de outubro.


O professor e artista plástico Leandro Siena abriu o Fórum com a palestra Arte Cidadã que trouxe reflexões sobre os conceitos de coletividade, diversidade e cidadania tão presentes na arte contemporânea, mas distantes do nosso cotidiano.


Com essa mesma intenção, a professora e artista plástica Fabiola Giraldi expôs Ofereço Flores, trabalho coletivo realizado pelos alunos da Escola Estadual Silvio de Almeida e fruto de um longo percurso em nome da gentileza e do respeito, principlamente no ambiente escolar.



Nosso Convivium em sintonia com o evento ofereceu um café com produtos artesanais locais: quitutes, bolos, sucos, queijo e geleias. Convidada especial entre os produtos e que despertou muita curiosidade foi a geleia de umbu, a árvore sagrada da caatinga e fortaleza Slow Food. http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/42/69/

domingo, 9 de outubro de 2011

Brincando com os sentidos em Pirenopólis

Por Fulvio Iermano. Colaboradores: Isabella Rovo, Alessandra Brant, Ana Júlia Teixeira Bran

Eu não sei explicar o porquê, de verdade não sei dizer qual é a razão pela qual ir novamente em Pirenópolis, Goias, me deixa repleto de alegria e energia positiva.


Penso que a explicação não seja devida somente às divinas cachoeiras, ao encantador centro histórico da cidade, à ótima programação do Slow Filme Festiva (http://www.slowfilme.com.br/), à disponibilidade da comunidade do alimento Promessa do Fututro, no povoado de Caxambu, à sabedoria do Seu Geraldo e a sua horta permacultural, à hospidalidade da Katia e do Leo.

Pois é! Refletindo bem, tudo isso não é tão comum de se encontrar hoje em dia, não é mesmo!


Obviamente a minha viagem em terra goiana não podia acontecer sem organizar umas oficinas educativas com as crinanças. Assim, na sexta-feira a Katia Karam Toralles (Slow Food Pirenópolis) incluiu nas atividades paralelas ao festival as oficinas sensoriais na COEPi- Comunidade Educacional de Pirenópolis http://www.coepi.org.br/.


Para ler o artigo completo acesse o link:















domingo, 5 de junho de 2011

Slow Food no Café com Letras

 Palestra e Degustação no Café com Letras no Pinguim Cultural
31 de maio de 2011 - 11° Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto


degustação de licuri, umbu e castanha de baru




sexta-feira, 27 de maio de 2011

Slow Food na 11° Feira Nacional do Livro de Ribeirao Preto

O Convivium Campo Lindo Batatais leva um pouco do movimento Slow Food na Feira do Livro de Ribeirão Preto.

Na terça-feira, 31 de maio, às 16 horas, Fulvio Iermano, representante do Convivium, encontra o publico para um bate-papo e uma degustação de produtos das:

Fortalezas Slow Food
• do Umbu, produzido nos Municípios de Uauá, Curaçá e Canudos, Bahia, nordeste do Brasil e Território Sertão do São Francisco.
COOPERCUC - Cooperativa de Agricultores Familiares de Canudos, Uauá e Curaçá

• da Castanha de Baru, produzida em Pirenópolis, Goiás, Centro Oeste. Associação de Desenvolvimento Comunitário de Caxambu; Promessa de Futuro - Projeto de Agricultura Agroecológica.

Arca do Gosto:
Licuri, uma palmeira típica do semi-árido nordestino. Cooperativa de Produção da Região do Piemonte da Diamantina - Capim Grosso/BA

Para informaçoes sobre os produtos acessar o link:
http://www.slowfoodbrasil.com/content/category/6/18/60/

Programação da Feira do Livro: 26/maio - 05/junho
Conferir a programação no link abaixo (participação do nosso convivium na pagina 29):
http://www.feiradolivroribeirao.com.br/

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Slow Food na Estaçao Diversidade

Com a ideia de preservar e valorizar saberes e sabores locais, o Convivium Campo Lindo promove a arte culinária da dona Sandra que traz para a Estação Cultural de Batatais suas especialidades como queijo fresco, iogurte, requeijão, pães salgados e doces, geleias e outros quitutes.
Resgatar as tradições culinárias e a memoria gustativa é um dos desafios para (re)encontrarmos a íntima relação que se estabelece entre a alimentação e a cultura. Um ponto de partida em direçao ao compartilhamento do prazer de comer!



Nos encontramos na antiga estação mogiana onde o tempero da diversidade vai fazer a diferença!!!


domingo, 13 de março de 2011

Percurso Sensorial - Calendário Ecológico

O Convivium Campo Lindo continua sua parceria com a Secretaria do Meio Ambiente de Batatais.

Iniciamos as atividades do novo Calendário Ecologico que envolve várias entidades da cidade e as escolas da rede municipal. Apresenta-se mais uma grande oportunidade para desenvolver nosso trabalho com as crianças e promover a filosofia slow food.


Sábado dia 12 de março festejamos o aniversário da cidade reunindo as escolas e todos os parceiros do Calendário na Praça da Matriz. A APAE rural apresentou suas oficinas de papel reciclado e os lindos trabalhos artesanais feitos com fibra de bananeira. O núcleo de educação ambiental da Fundação Lazzarini, o BATEA, expôs as mudas nativas de reflorestamento de seu viveiro e divulgou a programação dos cursos e oficinas de capacitação previstos para o ano de 2011.

O corre corre da criançada animou a praça e suas lindas topiarias. Várias atividades com temas focados em educação ambiental e cidadania foram propostas pelos professores que através de gincanas estimularam a participação dos alunos.



A "barraquinha" do Convivium preparou um percurso de análise sensorial no qual as crianças foram convidadas a (re)descobrir o paladar, o olfato e o tato. Os objetos misteriosos sobre a mesa logo chamaram a atenção dos pequenos que acompanharam e participaram da atividade.


Em pequenos grupos as crianças experimentaram os liquidos das jarras para distiguir os quatro sabores principais e em seguida anotá-los no formulário. A experiência tornou-se ainda mais divertida ao vermos as caretas das crianças ao sentirem os sabores.


Após a experiência do paladar foi a vez dos potes misteriosos: cheirar as especiarias escondidas e descrevê-las ou identificar uma receita que lembrasse o cheiro.
O momento mais divertido foi a atividade do tato na qual ocultamos dentro de três caixas mágicas alguns alimentos para serem identificados. Nessa experiência a imaginaçao dos pequenos participantes correu solta! Foram identificados: abacate e até sapo no lugar de uma goiaba, granola, arroz e ração para passarinho ao invés do feijão azuki e o chuchu tornou-se um assustador porco espinho!


Entre risos e surpresas as crianças demonstraram interesse e prazer em brincar com os sentidos. Afinal, nosso objetivo é despertar a curiosidade pelos alimentos naturais através de atividades lúdicas. Esperamos também que elas possam estimular em casa hábitos alimentares mais saudáveis!

Para nós foi mais uma linda experiência e aprendizado com as crianças...e a esperança que esses pequenos aprendizes consigam, ao longo do caminho, ter maior consciência que nós adultos em suas escolhas alimentares.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Eu Gosto Tu Olfato

No último domingo de janeiro a Associação Estação Cultural (Batatais - SP) promoveu o evento Estação dos Sentidos que ofereceu uma programação inteiramente voltada para a (re)descoberta dos Cinco Sentidos.


Fechei Os Olhos Para Ver Melhor, exposição realizada pelos alunos da professora Alessandra Baltazar do curso de arte da UNIFRAN, abriu o evento com sua proposta original de leitura para deficientes visuais, mas também para quem enxerga com os olhos. O objetivo era explorar diferentes sensações e ampliar a capacidade de percepção dos participantes. A experiência não se limitou à sensação tátil enquanto o efeito sonoro criado pelos músicos Everton e Thiago propiciou uma mágica interação entre os espectadores, o espaço e as obras. Esse percurso de releitura das obras de artistas como Tarsila, Volpi, Monet e outros, apresentou-se como um passeio tátil e sensorial que possibilitou novas formas de ler, enxergar e vivenciar o mundo. As observações e sensações manifestadas foram surpreendentes como a sensação tátil da seda sentida por uma garotinha nas Ninfeias de Monet.



O nosso Convivium participou com a oficina Eu Gosto Tu Olfato que foi antes de tudo um momento de aprendizagem e troca. Renata, Fabiana e Fulvio acompanharam os participantes em um passeio multisensorial para despertar os cinco sentidos de cada um.


"Com o nariz fechado senti mais o sabor doce, com o nariz aberto senti o gosto do cacau". Assim, a querida poetisa Celia Natalina, de olhos vendados, comentou sua primeira experiência gosto-olfativa. Tal observação deu inicio a uma das discussões propostas durante a oficina de análise sensorial que tinha como objetivo ressaltar a importancia do olfato na percepção dos gostos e sabores.

O percurso continuou com a classificação dos 5 sabores principais (doce, amargo, salgado, azedo e umami) para aprender a distingui-los das inúmeras sensações gosto-olfativas que estimulam o nosso cérebro e a nossa memória. Por último, realizou-se uma pequena avaliação do limiar de sensibilidade ao doce através de um simples teste que levou cada um a refletir sobre o uso e abuso do açúcar na nossa alimentação.


A Estação dos Sentidos contou também com Li Cores uma variada e colorida degustação de licores da dona Isabel, contadora de histórias e apaixonada cozinheira. O harmonioso grupo de Tai Chi Chuan passou um pouquinho de sua filosofia e abriu o espaço para O Canto Vira Poesia de Célia Natalina, seguido pela performance da Batucada Improvisada do mestre Adilson que com seu ritmo envolvente conquistou a inteira "comunidade da Estação". Entre ritmos, contos, sabores e experiências sensoriais, Mariazinha Orlandina em seu cantinho com incensos e velas perfumadas ofereceu a terapêutica e relaxante Massagem Sentida que propiciou uma sensação de bem estar e paz.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Sementes Crioulas em Barra do Turvo (SP)

por Tatiana da Silva Ferreira*

Nos dias 11 e 12 de dezembro de 2010 aconteceu em Barra do Turvo/SP o V Encontro de Agroecologia e Educação Popular do Vale do Ribeira em parceria com a Cooperafloresta de Barra do Turvo (cooperativa de pequenos produtores agroflorestais da cidade). O encontro teve como foco a Oficina de Manejo, Beneficiameno e Reprodução de sementes crioulas ministrada pelo casal frances Yanick e Christine Loubet, dois pequenos produtores que realizam um maravilhoso trabalho de manutenção e conservação da variabilidade genética de semente crioula, além da produção de diversas espécies de verduras e legumes que comercializam, ambos em processo totalmente orgânico.


Yanick Loubet é agronomo e há anos - juntamente com a sua familia em sua pequena propriedade na França - trabalha em parceria com a Fundação Kokopelli (banco internacional de sementes crioulas que possui cerca de 3.500 espécies - http://www.kokopelli.asso.fr/ - produzindo e perpetuando sementes crioulas de diversas partes do mundo, além de disseminar conhecimento e realizar trocas entre produtores.




Christine Loubet, além de auxiliar na produção de alimentos da propriedade, realiza um trabalho de educação ambiental em escolas locais para resgatar conhecimentos e valores tradicionais e assim despertar o interesse pelo alimento e consequentemente pelo bem tratar a natureza.

O casal esteve pela segunda vez admnistrando Curso de Manejo dessas sementes ancestrais aos agricultores na Colombia, e se ofereceram para realizar uma extensão para brasileiros. Desde então se iniciou uma articulação em nível nacional para se definir o roteiro que percorreriam durante o mês de dezembro em territorio brasileiro - sementescrioulas@yahoogrupos.com.br. Foram definidos Belo Horizonte-MG (4 e 5/12), Barra do Turvo-SP (11 e 12/12) e Curitiba-PR (14 e 15/12).

O curso teve uma proposta muito flexivel e variava de acordo com as demandas de cada região, mas tendo como norteadores temas como variabilidades e manutenção de espécies, produção de sementes, seleção sem alteração de variabilidades, sementes hibridas, transgênicos, clones e proteção do solos, educação ambiental, agroecologia e segurança alimentar.




O encontro terminou com uma doação de sementes crioulas feita pelo casal frances para os participantes, mas com uma condição: eles deveriam se comprometer a ser multiplicadores de conhecimento e mais que tudo guardiões da variabilidade das sementes crioulas.


* Batatais esteve presente no encontro, representada por dois biólogos locais, sócios do Convivium Campo Lindo - Batatais: o professor Fabio Ferreira Picinato e a assessora técnica da Secretaria do Meio Ambiente de Batatais, Tatiana da Silva Ferreira.